E quando eu decretei o meu luto oficial por três dias jamais imaginei que ele terminaria num luto de verdade. O que começou com um luto pela política do país se tornou um luto familiar.
Desde pequena sempre ouvi falar dele, mas não o conheci pessoalmente até que em fevereiro de 2008 resolvi passar férias em Salvador, BA. Pois é era lá que ele morava desde muito tempo. Maior parte, na verdade todos os irmãos vieram morar em São Paulo, ele veio junto mais foi o único que não gostou da agitação paulistana que voltou pra Bahia.
Toda vez que falava com a minha mãe perguntava de mim com um carinho e uma preocupação incomum, quando eu já estava mais velha sempre dizia pra minha mãe: “manda a menina pra passar uns dias aqui”. Minha mãe nunca me mandou pra lá, os anos passaram e eu resolvi por conta própria ir conhecê-lo. Cheguei ao aeroporto e fiquei esperando por uma pessoa que nunca tinha visto, mas quando ele apareceu no saguão eu sabia que era ele.
Levava uma vida simples, sem luxo. Foi assim que minha avó criou todos. Fui recebida com todo carinho e a maior atenção do mundo pela família toda. Passei dias indescritíveis, numa terra maravilhosa, cercada por pessoas fantástica. Voltei de lá encantada com a simpatia e ótima recepção que tive, com um sotaque baiano quase perfeito e dizendo a frase mais marcante dele “ôôôô mininu” e o “vai comer uma água hoje?”. Abá* incomum. Meu tio Abá.
Estou com o coração partido não só por ter perdido meu tio, uma pessoa fantástica, mais também por ver minha mãe chorando ao me dar a noticia e instantes depois tentando parecer forte e manter o controle.
Ninguém vive pra sempre e sabemos disso, mas lidar com a perda de uma pessoa querida é sempre difícil porque nunca estamos preparados.
Coincidência ou não dormi muito mal essa noite e tive um sonho onde eu estava em Salvador justamente para o velório dele, dá pra acreditar? Pois é, nem eu acredito.
Mais é isso, contínuo de luto, meus queridos.
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